sexta-feira, 14 de novembro de 2014

[RESENHA] A Máquina de Contar Histórias

  Título: A Máquina de Contar Histórias
  Autor: Maurício Gomyde
  Editora: Novo Conceito      Selo: Novas Páginas
  Páginas: 192
  Sinopse: Na noite em que o escritor best-seller Vinícius Becker lançou "A Máquina de Contar Histórias", o novo romance e livro mais aguardado do ano, sua esposa Viviana faleceu sozinha num quarto de hospital. Odiado em casa por tantas ausências para cuidar da carreira literária, ele vê o chão se abrir sob seus pés. Sem o grande amor da sua vida, sem o carinho das filhas, sem amigos... O lugar pelo qual ele tanto lutou revela-se aquele em que nunca desejou estar. Vinícius teve o mundo nas mãos, e agora, sozinho, precisa se reinventar para reconquistar o amor das filhas e seu espaço no coração da família V. Uma história emocionante, cheia de significados entrelaçados pela literatura, mostrando que o amor de um pai, por mais dura que seja a situação, nunca morre nem se perde.


  O que eu achei: Pra quem está acompanhando o blog - valeu, galera! -, meu fanatismo pelo Maurício está mais do que claro. Hoje encerra-se o #MêsGomyde, já que essa é a resenha do último livro dele publicado. Esqueçam tudo o que eu disse nas resenhas dos livros anteriores, porque o que eu senti com A Máquina me marcou para o resto da vida. E, desta vez, sei explicar exatamente por quê. Gomyde criou um universo duro e real dentro de seu livro; os fatos presentes em cada cena açoitavam pelo peso da realidade. O que esse escritor fez nessa história dificilmente se repetirá, pois a impressão que tive foi que Maurício esvaziou seu coração ao escrever essa história. De repente, aquela família era a dele - mas graças à Deus não é -, os sentimentos eram dele e Maurício era na verdade Vinícius.


  Quando conheci o Maurício e seus livros pessoalmente, eu estava vivendo um dos melhores dias da minha vida: a Bienal de Sampa. O autor chegou quando eu estava passando a ponta dos dedos na capa de A Namorada do Meu Amigo, de Graciela Mayrink (resenha em breve). Ele me contou que seu livro de lançamento, A Máquina de Contar Histórias, era o melhor livro de toda a Bienal e acabou levando uma "bronca" da Graci. Eu já havia lido resenhas onde o nome do livro carregava os adjetivos triste, tocante, marcante e brilhante. Quando comprei-o, não tinha dúvidas de que seria uma boa leitura, mas a flor que essa história se mostrou deveria ser cheirada por todos no mundo!



  A história gira em torno de Vinícius Becker, que vive sua melhor fase da carreira literária: é um escritor da lista dos mais vendidos, tem livros por todo o mundo e agora está lançando seu décimo livro, o romance mais aguardado do ano. O que ninguém desconfia, é que Vinícius vive uma vida de aparências. Quando ele não está sob os holofotes sendo aclamado, sua esposa, Viviana, definha no hospital, lutando contra a leucemia; sua filha mais velha, Valentina, o odeia tanto que não é capaz de chamá-lo de pai. A vida do escritor é tão complexa que é chamado de uma verdadeira máquina de contar histórias. Seu mundo desmorona quando uma ligação anuncia o fim da vida de sua mulher e o objetivo de conquistar a filha ainda mais distante.

  Somente a partir do velório que Vinícius começa a se atualizar sobre sua própria família. Valentina escreveu um livro com a mãe. A filha mais velha lança toda a culpa da morte de Viviana sobre as costas do pai, dizendo que ele se preocupava demais consigo mesmo para, ao menos, estar presente com a esposa no momento final. A mais nova, Vida, não entende muito bem o que está acontecendo. No entanto, quando Vinícius encontra no computador da primogênita um vídeo de Viviana contando seis sonhos que queria ter realizado em vida, Vinícius vê a oportunidade perfeita de reconquistar o amor das filhas.

 
Vou começar dizendo que, na minha opinião, esse foi o melhor livro do Maurício por falar de amor de pai. Consegui me identificar porque o amor de amigo e amor de família são os únicos tipos que conheço até o momento, então, quando Maurício escrevia sobre os sentimentos bipolares de um pai e uma filha, eu sabia exatamente do que ele estava falando. Porém, o problema de Vinícius, agora, é justamente ter o amor das filhas de volta, porque, sinceramente, as coisas está bem feias para o lado dele.

  - Você é um egoísta, só pensa em você! E tinha que ter largado tudo, sim,  ficado lá do lado esperando ela morrer, segurando a mão, olhando pro rosto irreconhecível dela, mesmo que ainda levasse dez anos pra ela morrer. Todos os dias, todas as horas, minutos e segundos. Não era pra faltar em nenhum momento. Nenhum, entendeu? Era o mínimo que você tinha a fazer!
  Vida começou a chorar:
  - Para de brigar! Eu quero a mamãe.
  - A MAMÃE MORREU! - Valentina berrou em direção à irmã.
  Vida passou a gritar agudo, com as mãos nos ouvidos e os olhos fechados. Vinícius tentou pegar a menina no colo, mas ela se debateu, começou a socar as pernas dele.
  - A CULPA É SUA, A CULPA É SUA! - Vida gritava e batia nas coxas do pai. (p. 37)

  Eu chorei muito com o livro por causa de sua simplicidade. Quando o leitor se depara com o problemão de Vinícius, é muito fácil começar a torcer por ele. É um livro pequeno e de rápida leitura, mas a marca que ele deixa no leitor é muito profunda. Ler um livro desses faz a gente querer entender a raça humana e sua psiquê. Maurício escreveu um livro humano, real e forte, tornando a leitura intensa e angustiante, ao mesmo passo que enche nossos olhos d'água com as expectativas, que eu posso garantir, são mais que atendidas.

  A NC fez um trabalho fantástico com a capa, diagramação e acabamento. Os detalhes nas folhas e o livro dividido em partes tornou a leitura compassada, ágil e confortável.


Enfim, é isso que eu tenho a dizer. Eu já sabia que ler os livros do Maurício era uma experiência fantástica, mas ele se superou com seu caçula. Contar uma história como essa deve exigir muito de nós, mas com Maurício a escrita flui gostosamente. Eu quero outro livro e outro, outro e outro; um ano é tempo demais. Maurício, caso esteja lendo essa resenha, nesse fim de #MêsGomyde eu gostaria de te deixar meu obrigada, pelas horas deliciosamente rápidas que suas histórias me proporcionaram. Obrigada mesmo! Com seus livros, descubro mais da vida, mais sobre mim mesma.

  P.S. Gostaria de ter mais de cinco estrelas para oferecer.

Avaliação:
5 (mil) estrelas!!!

  
  

5 comentários:

  1. Vicky, não só por esta, mas por todas as excepcionais resenhas escritas sobre meu trabalho (e não só porque você gostou das histórias, mas especialmente pela qualidade de sua escrita), deixo, aqui, o meu Muito Obrigado. Acompanhei o Mês Gomyde e fiquei encantado pelo que você escreveu. Prometo tentar corresponder nos próximos livros. E que nos encontremos em outras bienais. Beijos. :)

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    1. Maurício, eu não sei o que dizer. É tão difícil encontrar escritores sinceros que eu até me surpreendo com sua atitude. Eu é que agradeço por ter tirado cinco minutos do seu dia para ler a resenha que eu fiz com tanto orgulho e verdade. Tenho certeza que, ano que vem, quando lançar seu próximo livro, vou dizer de novo aqui no blog: esqueçam tudo o que eu disse ano passado! (Assim como os comerciantes de O Mundo de Vidro kkk) E, por fim, eu realmente espero que nos encontremos mais vezes. Obrigada por ser quem você é! Tem meu respeito :)

      Beijos,
      Vick

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  2. Também gostaria de ter mais estrelas para oferecer a todos os livros do Maurício, um dos meus autores favoritos. Como você conhece toda a obra dele, não é necessário falar o quanto ele é especial, mas posso dizer que "A Máquina de Contar Histórias" me conquistou de tal forma que de fato vai ser impossível esquecê-lo. O único problema é que é um livro diferente e tão especial quanto os demais, ou seja, ainda não sei qual o melhor. :x Quem sabe o próximo?

    Beijos,
    Ricardo - www.overshockblog.com.br

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    1. Oi Ricardo, obrigada pela visita! Se nós dois gostamos do Maurício, temos um ótimo gosto literário! Tô louca pra ler o livro de 2015 pra ver se ele se supera - ele sempre consegue. Obrigada novamente, vou retribuir a visita. Volte sempre!

      Vick

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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