segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

[RESENHA] Vermelho Como o Sangue

  Título: Vermelho Como o Sangue
  Autora: Salla Simukka
  Editora: Novo Conceito
  Páginas: 240
  Sinopse: No congelante inverno do Ártico, Lumikki Andersson encontra uma incrível quantidade de notas manchadas de vermelho, ainda úmidas, penduradas para secar no laboratório de fotografia da escola. Cédulas respingadas de sangue. Aos 17 anos, Lumikki vive sozinha, longe de seus pais e do passado que deixou para trás. Em uma conceituada escola de arte, ela se concentra nos estudos, alheia aos flashes, à fofoca e às festinhas dominadas pelos garotos e garotas perfeitos. Depois que se envolve sem querer no caso das cédulas sujas de sangue, Lumikki é arrastada por um turbilhão de eventos. Eventos que se mostram cada vez mais ameaçadores quando as provas apontam para policiais corruptos e para um traficante perigoso, conhecido pela brutalidade com que conduz os seus negócios. Lumikki perde o controle sobre o mundo em que vive e descobre que esteve cega diante das forças que a puxavam para o fundo. Ela descobre também que o tempo está se esgotando. Quando o sangue mancha a neve, talvez seja tarde demais para salvar seus amigos. Ou a si mesma.
  O que eu achei: Sinceramente, galera, estou numa daquelas fases do leitor na qual só aparecem livros fracos. Sim, me refiro a Vermelho como o Sangue ao dizer isso. Não, não vou economizar palavras na hora de expor minha opinião. A verdade é que o ano de 2014 reuniu muitas obras estrangeiras que prometiam muito e que, no fim das contas, não passaram de decepções. O caso desse livro que estou prestes a fazer a resenha é, possivelmente, um dos mais graves. E, pelo que ouvi de alguns amigos leitores, não fui a única a sofrer uma tremenda decepção com o que li.

  A sinopse, em si, já nos apresenta uma história de aguçar a curiosidade. Quer dizer, releitura de um clássico, um mistério aqui, algo interessante acolá... E no fim das contas, me deixei levar pelos comentários animadores que precederam o lançamento do livro e o comprei. A história narra a vida de Lumikki, uma jovem de dezessete anos que estuda em uma conceituada história de Arte. Sua aventura começa ao encontrar notas ensanguentadas no laboratório de fotografia de sua escola. Assustada com o que vê, a menina fica indecisa entre ir até a polícia ou até o diretor. No entanto, resolve fazer melhor: utilizar suas maravilhosas habilidades de espiã para desvendar esse mistério e acaba por descobrir o seguinte: Elisa, Tuukka e Kasper, três de seus colegas, estão envolvidos em um esquema perigosíssimo que envolve muita grana, um policial corrupto, uma espécie de máfia e um líder misterioso conhecido apenas como Urso Polar. Agora que sem querer Lumikki se envolveu nessa história toda, ela acha que o melhor é ir até o fim e resolvê-la. Para tal, ela se transforma da esquisitona da escola a uma espécie de espiã, com direito a disfarce, perseguições, tiros e invadir festas altamente vigiadas. Clássico. O próprio clássico da Branca de Neve praticamente não aparece na história, excluindo o fato que Lumikki é Branca de Neve traduzido do finlandês. Tudo bem. Mas, partindo de minha curiosidade, decidi dar uma chance à trilogia - sim, teremos ainda mais dois livros pela frente.

  Foi um sufoco, para mim, sair do primeiro capítulo do livro. Não que estivesse ruim, mal escrito ou algo do gênero, mas é aquela velha história do se apegar logo nas primeiras páginas. Sabe, isso não aconteceu comigo. De repente eu me encontrava pensando em coisas que não tinham nada a ver com a história, que não conseguiu prender minha atenção. Felizmente, depois de algumas cenas bem confusas e sem nexo, consegui me envolver um pouco, para encontrar um enredo vacilante, fraco e sem sal. Quer dizer, o enredo é praticamente a história de uma adolescente azarenta que acabou por revelar seu lado de cérebro super avançado que tira conclusões do nada, uma incrível capacidade de saber se transformar em outras pessoas e fazer parecer que ela é, na verdade alguma espécie de agente da CIA. Na boa, a sinopse despertou em mim um pressentimento tão bom de um livro empolgante, ágil e de enredo inteligente! O que encontrei, no fim das contas, foi uma escrita fabulosa que se perdeu logo nas primeiras cenas. E depois veio um tropeço atrás do outro até que me parei para perguntar de qual planeta é esse livro.

  Para começar, a escritora já pecou na superficialidade de seus personagens. Quer dizer, Simukka não soube construir um time de pessoas interessantes, que despertassem o interesse do leitor. Foi tudo tão raso, sem profundidade alguma, que chegou a me deixar chateada. Bem, eu não sei se saberia descrever com uma riqueza densa de detalhes cada um deles; não sei de onde tirar informações. Construir um personagem, na minha opinião, é moldar cada centímetro de sua personalidade, aparência, histórico e pensamentos, o que não foi nada propício com a narração em terceira pessoa. Lumikki, uma mocinha disfarçada de heroína, não levantou em mim uma torcida para que no fim as coisas dessem certo para ela. Eu parecia um zumbi lendo porque a história não chamou minha atenção, principalmente porque uma das coisas mais importantes que devem ser enfatizadas na hora de contarmos uma história são as pessoas que a compõe. 

  A história toda me parece meio absurda. Quer dizer, raciocinem comigo. A menina por um acaso universal acaba parando no laboratório de fotografia da escola e encontra dinheiro ensanguentado. Tira uma conclusão concreta que Tukka está envolvido porque ele estava usando uma mochila. Consegue fazer-se parecer outra pessoa e segue o colega na tentativa de descobrir mais, chegando também a Elisa e Kasper. Daí ela acaba virando amiguinha deles e se transforma numa adolescente com super habilidades. No fim das contas a nova versão de Branca de Neve, chamada que foi muito utilizada na propaganda do livro, se escondeu em algum canto por aí porque eu, pelo menos, não a encontrei. Bem, não vou tirar conclusões precipitadas porque sei que esse é o primeiro livro da trilogia e que muito mais pode estar me aguardando nos próximos livros. Tanto que é por isso que considero um desafio resenhar o primeiro volume de séries, principalmente quando não me agradam.
  


  O livro foi vendido como uma espécie de thriller, mas não sei se cumpriu o objetivo. A maioria da neblina de suspense que foi criada em torno do mistério das cédulas ensanguentadas é facilmente dissipada com um pouco de atenção. Ao fim do livro, não encontrei nada de tão extraordinário para me atrair ao próximo, o que me deixou bem chateada. É tudo bem deduzível. Cara! Os leitores que estavam ansiosos pelo lançamento do tão famoso As Red As Blood estão agora quebrando a cara no chão! Esperamos um ano inteiro pela chegada do livro e no final das contas, acabamos com mais uma decepção.

   Quanto à diagramação, capa e revisão, tenho conclusões mistas. Por um lado, gostei muito da capa, contracapa, os detalhes das páginas, fonte e tamanho das letras, coisa e tal, além do fato que não encontrei erros de revisão. Mas eu perdi a paciência com o estado que veio meu exemplar. Comprei-o numa livraria e por fora parecia um exemplar perfeito. No entanto, por dentro, haviam folhas amassadas nas bordas páginas e de letras com a tinta fraquíssima que eu mal conseguia ler. O que houve, Novo Conceito?

  Agora que eu desabafei tudo que estava guardado (risos), tenho uma observação boa para fazer. Embora o livro tenha cometido um erro atrás do outro, a escrita da autora me chamou a atenção. Consegui perceber uma capacidade em Simukka de desenvolver uma história atraente, mas, infelizmente, seu único erro (e o de maior proporção possível), foi ter deixado o tesouro que tinha nas mãos escorrer por seus dedos. Lamentável...

  Bom, é isso. Espero que tenham gostado da resenha, mesmo expressando ela uma opinião revoltada. É muito difícil resenhar um livro desagradável, principalmente quando publicamos a resenha e a sujeitamos à visita de todo mundo. Sei que minha opinião pode influenciar na decisão de alguém sobre ler o livro ou não. O problema é que, talvez, seja muito cedo para se formar uma opinião concreta sobre uma trilogia que acabou de começar. Darei uma chance para Branco Como a Neve e Preto Como o Ébano, mas minhas expectativas já estão significativamente mais baixas em relação às que eu tinha com Vermelho Como o Sangue. Fiquem com Deus!

  Avaliação: 3 estrelas!

  Sobre a autora: Salla Simukka é uma premiada autora de ficção para jovens adultos. Tradutora e roteirista de TV, já estudou filosofia nórdica, finlandês, literatura e escrita criativa. Nasceu em Tampere, na Finlândia, onde vive até hoje.

  Book trailer: 


  

  

  



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