Literatura Nacional X Literatura Internacional
Como entender esse dilema?
A Literatura Brasileira
Alcançando Novos Patamares
Há quem diga que a literatura
brasileira de hoje não tá com nada. E
isso me deixa profundamente irritada, porque quem gosta de ler e está a par das
novidades do mundo literário sabe que não é bem assim. Nossos autores, cada vez
mais, conquistam seu espaço nas estantes, livrarias e coração de cada leitor.
Eu por exemplo, sou capaz de admitir que até um tempo atrás – tipo, ano passado -, eu mesma ficava um pé atrás quando se tratava de autores nacionais. Isso, na minha humilde opinião, é mais comum do que se imagina, mas não sei explicar o porquê dos brasileiros depreciarem sua própria literatura.
Temos que ter consciência que antes de sermos o país do futebol – que nem isso somos agora depois daquele 7 a 1, vamos combinar –, de certa forma éramos o país da literatura. Grandes nomes dessa arte têm sangue brasileiro, aquele inconfundível e único. Machado de Assis, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Bernardo Guimarães e tantos outros mestres deste solo fizeram sua história e deixaram-na em nossas mãos. Por que, eu me arrisco a perguntar, se insiste em fazer essa diferença entre Brasil versus Mundo? O que a literatura estrangeira tem que não temos?
Nada.
Eu mesma já fui um pouco preconceituosa. Como já citei até ano passado eu não lia livros nacionais e quando lia só via que o autor era brasileiro quando já havia terminado a leitura. Esse meu tabu pessoal – que logo se revela não tão pessoal assim – se quebrou com um livro maravilhoso que esbarrou em mim por acaso. Simplesmente Ana é um livro perfeito para se acabar com essa frescura de que o Brasil não e páreo para a escrita estrangeira. A protagonista, Ana, é mineiríssima, a autora do livro também e, além disso, um doce de pessoa. Guardem o nome dela, gente: Marina Carvalho, que também é autora de Azul da Cor do Mar e de De Repente Ana, a sequência de Simplesmente Ana. Percebi que Marina era brasileira nas primeiras páginas e quase abandonei o livro (só para deixar claro, eu era um monstro que pensava completamente diferente da adolescente doce de hoje). Ora essa, por que não podemos reconstruir o talentoso Brasil literário se temos autores que podem entrar, sem dificuldade, para lista dos mais vendidos? Se temos obras para virarem futuros Best-sellers?
Tínhamos o país de Machado de Assis, Jorge Amado, Fernando Pessoa e éramos reis. Podemos e seremos de novo com Tammy Luciano, Graciela Mayrink, Lu Piras, Marina Carvalho e Christine Melo. Reconstruiremos outro império com Felipe Colbert, Maurício Gomyde, Samanta Holtz, Thalita Rebouças, Paula Pimenta e os grandes Chico Anes e Carolina Munhóz, além de tantos outros. Abramos nossos olhos e vejamos que se ergue um Brasil de literatura moderna, descontraída e acima de tudo, talentosa.
Logo, esse tabu não tem nada a
ver com estatísticas e Deus os livre, falta de talentos. Temos nomes incríveis
que podem trazer de volta o orgulho para cada brasileiro. Posso dizer isso
porque um dos nomes que citei Chico Anes me abriu os olhos para o novo Brasil
escritor. Assim como eu mesma disse a ele com a passagem do dia do escritor,
com sua personagem Eva (O Sonho de Eva)
eu descobri um novo mundo; com Pirapato (Pirapato
– O Menino Sem Alma) eu descobri um lado da vida inexplorado. Com o próprio
Chico, eu descobri que, cada vez mais, a literatura brasileira alcança novos
patamares.
Leia, descubra, procure, encontre! Te garanto que nosso Brasilzão tem muito a oferecer!!
Maravilhoso seu artigo. Sinto-me honrada por ter proporcionado a você essa mudança de olhar em relação aos livros nacionais contemporâneos.
ResponderExcluirPosso usar seu texto em minhas aulas? Meus alunos precisam ler isso.
Adorei!
Beijos,
Marina Carvalho
Oi Marina! Muito obrigada pela sua passadinha aqui! Eu é que me sinto honrada por ver que você gostou da coluna. Com certeza você pode usar com seus alunos, será um prazer! Obrigada novamente, você é incrível!
ExcluirBeijos, Vick
Vick, querida. Como nosso país precisa de jovens como você! Brasileiros que leem, ponderam, analisam, concluem. Como o Brasil está carente de brasileiros assim! Há sim técnica, criatividade e muita vontade entre nossos novos escritores, e poder ler em suas palavras o reconhecimento desse esforço é compensador. Obrigado pelo carinho. É uma honra podermos juntos caminhar pelas vias inexploradas e fantásticas da literatura. E cada minuto que mergulhei em reflexões sobre os passos de Eva e Pirapato foram iluminados por suas palavras. Valeu, Vick querida!
ResponderExcluirOi Chico! Que honra receber sua visita no meu blog! Fiquei até sem fôlego lendo seu comentário, tocou no fundo do meu coração... Você merece esse reconhecimento por tudo o que fez e faz por mim e pelo Brasil leitor. Você merece! Lembrando que essa mesma coluna vai ser publicada no jornal da cidada que eu escrevo! <3
ExcluirQuerida Vick
ResponderExcluirMuito obrigada pelo lindíssimo texto e pela confiança na nova literatura brasileira!! Você expressou o que eu sempre penso: "Por que, afinal, fazer essa comparação Brasil X Mundo?". Costumo dizer que a boa literatura não tem nacionalidade... pois o dom de escrever não está no idioma que se fala, e sim na alma!!
Mais uma vez, querida, obrigada!!!! Vou compartilhar seu texto!
E vamos nessa... construir nosso novo Império ;)
Beijos no coração,
Samanta
Muito bacanas suas reflexões, Vick. Sempre digo que é uma grande bobagem esta separação entre nacional e estrangeiro. Há livros bons e livros que não são bons. E mesmo essa última diferenciação é frágil, porque o que é bom pra um pode ser péssimo pra outro e vice-versa. Se o preconceito não existir na origem, podemos conhecer histórias emocionantes tanto escritas por brasileiros quanto por estrangeiros. Essa é a beleza da literatura.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPrezada Vick:
ResponderExcluirDe fato, a literatura é fundamentalmente universal, já que, por mais localizada que seja, está sempre à volta com questões humanas – e o homem é a representação da inteligência cósmica.
Assim, até mesmo a dita literatura regionalista, em seu âmago, tem como referencial a vivência da espécie humana em sua marcha evolutiva, imersa em seus dramas, lavor ou conquistas.
Portanto, o caráter limitado ou abrangente, favorável ou desfavorável dos conteúdos literários (ou não) se vincula, em verdade, à perspectiva com que o leitor o enfoca, a seu “background”.
Mas não se deve deixar de ressalvar que o valor da abrangência ou virtude estilística da obra se condiciona, por sua vez, à sua densidade literária, tanto quanto à sua qualidade técnica.
De resto, é estimulante ver que uma garota tão jovem já se propõe e discute questões de interesse tão amplo e permanente que sem dúvida repercutirão de modo positivo no Brasil leitor.
Parabéns!