domingo, 14 de setembro de 2014

[RESENHA] Se Eu Ficar

  Título: Se Eu Ficar
  Autora: Gayle Forman
  Editora: Novo Conceito
  Páginas: 224
  Sinopse: A última coisa de que Mia se lembra é a música. Depois do acidente, ela ainda consegue ouvir a música. Ela vê seu corpo sendo retirado dos destroços do carro de seus pais - mas não sente nada. Tudo o que ela pode fazer é assistir ao esforço dos médicos para salvar sua vida, enquanto seus amigos e parentes aguardam na sala de espera... e o seu amor luta para ficar perto dela. Pelas próximas 24 horas, Mia precisa precisa compreender o que aconteceu antes do acidente - e também o que aconteceu depois. Ela sabe que precisa fazer a escolha mais difícil de todas. Se ela ficar...
  O que eu achei: Vou tentar ser o mais direta possível nessa resenha, porque definitivamente o livro não me encantou tanto quanto descreveram que encantaria. O livro é belo, é romântico, é emocionante e é marcante, mas não sei porque senti um aperto no coração ao finalizar a leitura e perceber que algo, talvez, ficara faltando. Talvez um pouco mais de Mia, do acidente, do que ocorreu com ela para ficar "vagando" daquela maneira. Sei que essas respostas podem ser encontradas no próximo livro, Para Onde Ela Foi, mas o fim da leitura de Se Eu Ficar me deixou ansiosa ansiosa para ler o próximo não por curiosidade, mas na esperança de que ele seja melhor. Para que entendam, não odiei o livro e vou colocá-lo no canto mais repugnante da minha estante. Não é nada disso. Só tem alguns pontos que para alguns são insignificantes e para mim foram bastante incômodos.
  
  A narração é em primeira pessoa, feita pela própria Mia. Para uma história como essa, realmente um narrador-personagem é a melhor opção, mas nesse caso a protagonista é chata algumas vezes. A narração torna-se cansativa e desnecessária. Eu procurei mais da Mia do hospital, como ela se sentia, suas dúvidas, mas parecia que ela quase se conformava com aquilo e portanto não questionava muito sua situação. Metade do livro - que já é pequeno - são lembranças de Mia. 

  A relação que deveria ser o brinde do livro, Mia e Adam, foi meio fria. A própria Mia admite isso ao longo do livro. Com certeza é possível perceber uma conexão profunda e quase sobrenatural entre os dois, mas acho que a autora poderia explorar mais o amor. Eles quase sempre agem como estranhos perto um do outro. Mas isso é momentâneo, porque há cenas onde o amor deles é tão intenso de dar tontura e isso foi incrível. Faltou apenas um equilíbrio entre o frio e o quente. 
  
  O clímax, que deveria ser aquela cena final, foi mais rápida que um feixe de luz. O momento do acidente, ou seja, onde nasce o conflito da trama, foi mais intenso que o clímax de verdade. Para se ter uma ideia, em uma página e meia a cena começou, se desenrolou e acabou e para a importância da cena para toda a história, foi ligeiramente decepcionante. Poxa, foi a hora em que Mia tomou sua decisão e o amor entre ela e Adam finalmente tomou forma! Pareceu que a autora quis pôr o último ponto final logo, que já estava ficando cansada de escrever o livro. Uma atenção especial para essa cena não seria nada demais.

  Esses foram os motivos para que a minha leitura do livro fosse, de certa forma, ruim. Felizmente, houve os pontos positivos, que foram a minha felicidade e emoção. Para começar, percebi uma ligação muito forte entre Mia e seu irmão, Teddy, como se não fossem irmã e irmão e sim, mãe e filho. O porquê dessa comparação só quem ler o livro entenderá. É algo que se desenrola desde o nascimento de Teddy. De qualquer forma, a relação dos dois foi algo que me chamou bastante a atenção, pois os relatos que Mia fazia com mais emoção eram os que se referiam a Teddy. Me emocionei muito com a forma especial que ela tratava as lembranças com ele, porque também tenho um irmão caçula e nossas histórias são parecidas.

  O tema do livro também foi bem profundo e original. Para quem tem dúvidas disso, não há espiritismo na história, até porque Mia não está morta. Já ouviram falar de que depende do paciente despertar ou não do coma? Tanto que se um parente sussurrar no ouvido da pessoa que se ela quiser ir ela pode, às vezes, ela realmente vai. Como uma Mia em coma não poderia nos narrar a história, e um narrador onisciente em terceira pessoa não transmitiria toda a emoção necessária, uma Mia perambulante foi a pedida perfeita. Além de que, com uma pessoa quase morta (e consciente de tudo que está acontecendo) nos contando seus medos, receios e como está triste por ter perdido as pessoas mais importantes de sua vida, nos leva a chorar ou ao menos ter vontade. Isso porque a família de Mia é igual a minha. Uma mãe e um pai que se casaram cedo e tiveram uma filha cedo e depois tiveram um menino. Então, enquanto Mia dizia tudo o que lhe passava na cabeça, me senti como ela. Logo, eu perdera a minha família e aquelas lembranças eram minhas. Eu cheguei a passar mal com a possibilidade de ficar na mesma situação que ela. Sabendo a dificuldade que enfrentaria se resolvesse ficar e a completa dúvida do que ocorreria se resolvesse acabar de vez com aquilo. A única diferença é que eu não tenho um Adam louco por mim, haha. 
  
  As descrições dos personagens foram muito bem feitas. Tanto o físico quanto o pessoal de cada um ficaram bem evidentes ao longo da trama e isso vale tanto para os personagens primários quanto para os secundários. Até as enfermeiras entram na roda. Um ponto a mais para Kim, a melhor amiga de Mia, que até mesmo sua origem, seus pensamentos e sua religião foram revelados. Isso me deixou bem próxima de todos eles, tanto que mesmo a narração sendo em primeira pessoa, é possível conhecermos bastante de todos os personagens apresentados na trama.

  O amor de Mia pela música é um dos pontos mais fortes do livro. A conexão dela com o violoncelo é muito intensa, é como se você sentisse a relação de ambos. Como eu toco violino, sabia o que Mia sentia ao descrever apaixonadamente a forma com que interpretava as músicas, coisa e tal. Tanto que a música é a última coisa que Mia leva consigo nos primeiros momentos após o acidente.

  Sobre a diagramação e acabamento, gostei bastante. A capa igual ao banner do filme foi uma escolha legal, mas como temos um próximo livro e não temos um banner para ele, é possível que haja uma nova discussão sobre a diferença de capas na estante. Mas, sinceramente, isso não me incomoda, pois sei que a NC sempre capricha. Até porque a lateral do livro Para Onde Ela Foi, é parecida com a lateral de Se Eu Ficar, deixando fácil a identificação dos livros como uma duologia. Achei alguns erros de revisão do livro, mas só um bom observador os encontra. Não é algo alarmante, mas a editora não poderia deixar isso passar. O acabamento ficou lindo! Os detalhes de música nas páginas ficou muito fofa, deixando a leitura confortável.

  Quanto ao filme, não, eu ainda não o assisti; mas pretendo. A capa do livro apresenta Chloe Grace Moretz, a atriz que interpreta a Mia. O livro deixa bem claro o físico de Mia, e embora, segundo o trailer, a atriz seja perfeita para o papel, um par de lentes de contato não faria mal. Mas estou bem ansiosa para ver o filme, de qualquer forma. Não se pode querer tudo e a descrição de uma personagem não é o fim do mundo. Mesmo. Chloe é uma atriz incrível!

  Enfim, para se ler Se Eu Ficar são necessárias mente aberta e paciência. Um leitor atento nota os pontos abordados nessa resenha, ou talvez não. O importante é que sim, eu recomendo o livro para amantes de romances e caixas de lencinhos. A única coisa é que, na minha opinião, o livro não é tudo isso que foi propagado. Mas leiam, mesmo assim. A história me marcou e me fez lembrar dela por muitas horas (e nesse momento por mais de um dia), de forma a torná-la inesquecível.

Avaliação:
4 estrelas!

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