sábado, 6 de dezembro de 2014

[RESENHA] A Namorada do Meu Amigo

  Título: A Namorada do Meu Amigo
  Autora: Graciela Mayrink
  Editora: Novo Conceito   Selo: Novas Páginas
  Páginas: 336
  Sinopse: Quando voltou das férias de verão, Cadu não imaginava a confusão em que a sua vida se transformaria. Era para ser um ano normal, mas ele entrou em uma enrascada e está correndo o risco de perder a amizade do cara mais legal do mundo. O que fazer quando a namorada do seu amigo vira uma obsessão para você? Os churrascos da turma da faculdade talvez ajudem a esquecer Juliana, e, se depender do esforço do divertido Caveira, não faltarão garotas gente boa para preencher o coração de Cadu. Mas não adianta forçar... Quem consegue mandar no coração? Alice, a irmã de Beto, é só mais uma das dores de cabeça que Cadu tem que enfrentar. A vida inventa cada cilada!
  O que eu achei: vejam bem, eu preciso deixar uma coisa bem clara antes de começar. Nesse blog, um dos valores que eu mais prezo é a transparência no momento de dar minha opinião. Felizmente, não será sempre que minhas observações serão as mesmas que outros blogueiros, sendo o livro uma febre momentânea ou não. Estou dizendo isso porque a resenha de A Namorada do Meu Amigo não será lá tão fácil. Esse livro teve pontos altos, claro, eu já esperava por eles em razão da fama da Graci. No entanto, houve pontos negativos também. 

  A premissa do livro chama a atenção. Logo ao ler a sinopse, percebi que Mayrink teria um desafio gigante para desenvolver a trama. É um enredo complicado - e muito atraente - e eu não sabia se a autora teria história suficiente para preencher as mais de trezentas páginas do livro e ainda continuar a guiar o leitor fluidamente. Pensei também no fim que as coisas levariam, já que qualquer dos desfechos que eu imaginava parecia estranho e insatisfatório. Foi quase lá. Bem, a história narra a vida de Carlos Eduardo, Cadu, um cara que agora tem um problemão. Ao voltar de Florianópolis, onde passou as férias da faculdade de Direito, descobre que Juliana, seu pesadelo de infância, voltou para Rio das Pitangas, sua cidade em Minas Gerais. A pior parte não é essa. A pentelha virou um mulherão e namora o melhor amigo de Cadu, o Beto. Talvez agora venha a pior parte: o pobre Cadu se apaixonou por Juliana, a garota que ele mais odiou durante a infância, e agora está disposto a tentar ficar com ela, sem ter que magoar ninguém - principalmente o Beto. Além disso, Cadu precisa lidar com os problemas da faculdade, o doido do Caveira e com a namorada mais-linda-e-desejada-da-cidade-e-irmã-do-Beto, a Alice.


  Para ser sincera, o que mais me motivou a continuar a leitura foi a escrita de Mayrink. Olhem, qualquer leitor que entenda um pouco desse mundo saberia reconhecer o potencial dessa escritora. Inclusive eu. O problema é que sua escrita ainda é um diamante a ser lapidado, já que mostra algumas falhas. Por exemplo, embora eu entenda o que Mayrink esteja supondo em tal descrição, eu não consigo visualizá-la. Falta algo. O leitor é facilmente guiado, mas eu me senti meio desconfortável durante a leitura porque não me convenci muito. Porém, que fique arquivado que vejo potencial nessa escritora. Ela conseguiu criar uma história inteligente, atrativa e leve, mas é necessário ainda um pouco de tempo até que seja firmado o seu estilo. Faltou profundidade e convicção. 

  Os personagens, querendo ou não, são o centro da trama. São eles que equilibram a história e a moldam para que continue. Gostei deles e de como foram apresentados, mas foram muito superficiais. Eu estava ávida para saber mais deles, mas o que o leitor conhece de cada um resume a muitos jantares entre os pais dos adolescentes (jantares/almoços que acontecem demais!). E não acaba por aí. A narração do livro fica a cargo de Cadu, o protagonista da história. Chegou ao ponto de personagens mais secundários como a Alice e o Caveira serem mais interessantes e profundos que o trio principal - Juliana, Beto e Cadu. O protagonista mostra-se fraco quanto a sua construção, tornando a leitura por vezes lenta. Como eu já disse, a escrita de Mayrink é forte e tem um futuro promissor, mas além de precisar de mais tempo para desenvolver, foi posta nas mãos de um personagem que poderia ser bem mais atraente.

  O final foi outro problema. Relaxem, os pontos negativos estão acabando. Quando terminei o livro, tive a impressão que todas aquelas reviravoltas durante a leitura me deixaram no lugar que eu já imaginava desde o início. Tudo bem que um final feliz para essa história teria que ser, mais dia menos dia, naquele estilo mesmo. Só que foi tão simples! Não houve ação, expectativas, um clímax... A partir do momento em que as coisas "pegaram fogo", eu esperei que o momento onde tudo valeria a pena chegasse, mas ele não veio. Fiquei lá, encarando a contra capa e me perguntando se havia coisa faltando no meu exemplar. A história começou previsível, se agitou por conta das surpresas e voltou ao final previsível, como um mar que se agita com uma tempestade mas depois volta à calmaria. Vi personagens que eu estimava tomarem rumos sem sentido e se perderem, sem um fim decente. Sentimentos que antes pareciam fortes se revelaram simplesmente momentâneos. Parecia que a autora tinha pressa em terminar de escrever a história!

  Ufa! Acabaram os pontos negativos. Caso eu tenha ofendido alguém, peço desculpas, mas como eu disse, prezo a honestidade por aqui. As observações positivas começam por um item que eu já comentei: a escrita. Desde que eu comecei a escrever fanfics no Nyah!, tenho observado bastante as técnicas de cada autor, já que os leitores fazem muito isso no mundo amador também. Mayrink tem uma sutileza admirável. Consegue guiar o leitor em sentimentos confusos, medos, dúvidas... Mas como eu disse, ainda é necessário tempo para que esse talento amadureça. Um diamante - precioso, raro e atraente -, que no entanto precisa de esforço e tempo (principalmente tempo) para mostrar do que é capaz. 

  A relação que une os quatro personagens principais, Juliana, Cadu, Beto e Caveira, foi o que mais me emocionou no livro. O fato de que desde crianças eles nutrem essa paixão e fanatismo pelos Três Mosqueteiros, serviu como peso sentimental para a trama. Era gostoso ler como os personagens tinham essa conexão forte como essa história. Além disso, é um ponto que cita-se durante todo o livro, o que prova a importância disso na vida desses adolescentes.

  Ah! Sobre sentimentos, sei que não sou a única leitora que percebeu que não foram profundos o suficiente. Quer dizer, ainda não estou muito convencida dos sentimentos de Cadu por Juliana, de Juliana por Beto, de Beto por Juliana e de Juliana por Cadu. Pareceu algo meio forçado. Além de que houve um certo exagero na proteção que Beto tem pelas irmãs, Emília e Alice, a ponto de fazer Cadu e Caveira jurarem que não tentarão nada com elas. Acho que um cara nessa situação oraria para que suas irmãs de juntassem com seus melhores amigos, os caras de maior confiança. Mas deixa para lá. Não gosto de me prolongar em pontos negativos.

  Sobre o acabamento, está muito bom! Não encontrei erros de revisão. O tamanho da letra e a fonte estão super agradáveis. Minha única crítica quanto a isso deve-se a capa e aos detalhes das páginas, já que ambos poderiam ter sido mais trabalhados. 


Lembrando que me sinto muito honrada de ter conhecido a Graciela Mayrink na Bienal do Livro de São Paulo desse ano. Ela é uma moça muito simpática e feliz, me deixou muito confortável - e me garantiu umas boas risadas ao lado do Maurício Gomyde! Não quero deixar de tentar conhecer a Graci melhor, por isso que Até eu te Encontrar está na minha lista. Não quero definir essa escritora com minha primeira leitura dela :)

  Fim. Olhem, expus tudo que consegui sentir ao ler A Namorada. Lembro de ter comentado uma vez que penso muito antes de fazer uma resenha complicada, já que não quero ser grossa. Espero que não tenha sido. Só acho que não faria mal caso o livro tivesse sido lançado uns três meses depois, para que fosse visto com mais carinho e atenção. Vi uma história em potencial que poderia ter desabrochado, mas que acabou se perdendo. Eu recomendo o livro para jovens que querem um livro bem leve e sem muitas expectativas... 

Avaliação:
3 estrelas!


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